Uma Aventura Literária 2011

Deixo-vos o conto da Mariana do 8º4 premiado com uma Menção Honrosa no concurso Uma Aventura Literária. Parabéns!


Que Vida!

Sou a Rafaela, mas os amigos tratam-me por FR.
Aos doze anos, apaixonei-me por um rapaz muito pretendido pelas raparigas da minha escola! Ele é o Bruno e é dois anos mais velho do que eu. Tem olhos verdes, é alto e moreno. Tem aquele tipo de cabelo que agora se usa, como o dos caniches, e que é bué curtido pelos rapazes.
Na escola, sempre que passava por ele, sentia um braço a bater-me nas costas, e quando olhava para o lado era a “panisgas” da minha amiga Juliana a avisar-me que estava vermelha. De seguida, tapava-me com um lenço e quando dava por mim ele estava a olhar para mim com um sorriso estampado no meio da cara. A Juliana dizia-me sempre:
- Acredita pá! Ele gosta de ti… Achas mesmo que se dava ao trabalho de olhar para ti e sorrir se não gostasse?
- Não sabes. Pode gostar e pode não gostar. Ele não me diz nada. Quem me dera que chegássemos a ser amigos - expliquei eu.
- E se te calasses? Sabes o que sofri para ter o Joãozinho ao meu lado, sabes? Então cala-te! - disse a Juliana com um ar de gozo.
- Sei porque estavas sempre a contar-me as coisas parola, mas eu amo muito o bonito do Bru…
Antes de conseguir acabar a frase, a Juliana tapou-me a boca, e ainda bem que o fez, porque ele veio ter comigo, falar comigo!
- Dás-me o teu número de telemóvel?
- P’ra que o queres? Eu sou só uma chavala, e tu gostas de raparigas da tua idade não é? - perguntei com ar superior.
-Eu dou-te o número dela - disse a Juliana, rindo-se.
Ficaram o intervalo a conversar. Depois do Bruno se afastar, disse à Juliana:
- Mas o que é que pensas que estás a fazer? Já agora obrigada porque acabei de receber uma mensagem dele, mas não tinhas de ficar a falar com ele o intervalo todo!
- De nada querida, também tenho o número dele! E já fiz mais um amigo! Quem ficou a perder foste tu.
A campainha tocou. Fomos para a sala.
- Calou, chegou a stora! - disse-lhe.
- Ok. Ah, aproveito e falo com o Bruninho…
- O meu Bruninho!
- Meninas, calem-se imediatamente! - gritou a stora.
- Desculpe stora - dissemos em coro.
Na aula de Português tínhamos de escrever um poema sobre o amor. Claro que me inspirei no meu Bruninho. Como a stora gostou muito do meu poema, disse-me para o ler à turma.
-“Gosto de ti!
Quero-te aqui
Só para mim.
Os teu olhos são a luz
Que iluminam o meu caminho.
O teu sorriso faz parte de mim!
És o meu único e grande desejo.
Mas, onde estás tu
Quando preciso de ti?
Pega na minha mão e vem comigo.
Vamos ver o Pôr do Sol
Enquanto digo
Amo-te!”
Bateram palmas. Mas, antes de me sentar, bateram à porta e… não acreditei no que os meus olhos viam, era o Bruno! Estava lá, para fazer um comunicado às turmas dos torneios de futebol.
Como a stora tinha percebido a quem era dedicado o poema, graças à minha amiga Juliana que não parou de fazer comentários enquanto eu o escrevia, disse-me para ler o poema, outra vez!
Recebi uma sms do Bruno, pouco tempo depois: “ Temos escritora!”, mas não respondi, estava na aula. Passados uns dias, começámos a namorar. Os dias foram passando, meses até. Foram os dias mais felizes da minha vida.
Um dia, sem eu perceber porquê, ele decidiu afastar-se de mim. Fiquei desesperadamente triste. Não confiei no que me disseram. Tinha-me trocado por outra!? Quando os vi de mão dada e aos beijinhos não quis acreditar! Os meus olhos encheram-se de água. Corri para os braços da Juliana e fomos para as escadas do pavilhão. Ela tentou acalmar-me e conseguiu. Senti-me tão confortável depois de desabafar com ela. Já somos amigas há muito e, além disso, ela já passou pelo mesmo.
- Como é que ele foi capaz?! Diz-me… Eu gostava tanto dele! - disse eu, com as lágrimas escorrendo pela minha cara.
- São rapazes…sabes que as raparigas levam o amor mais a sério! Alguns só falam da boca para fora, raramente sentem o que dizem. Eu sei que é difícil esquecê-lo, mas tens de tentar porque vais sofrer muito mais do que estás a sofrer agora se não o fizeres. Limpa essas lágrimas e vamos lá para fora de cabeça erguida. E, se quiseres esclarecer algo com ele, eu vou contigo.
- Adoro-te por isto. Sabes tudo o que me vai na alma.
- Eu sou assim - disse a Juliana, sorrindo - sou tua amiga.
Quando estávamos a passar pelo recreio, vimos o Bruno sozinho. A Juliana empurrou-o bruscamente e disse-lhe:
- Como é que foste capaz de fazer isto à minha amiga! Não sabia que tu eras assim…
Fugi dali a morrer de vergonha e deixei os dois sozinhos.
- Já esqueceste a Rafaela?
- Ainda não! Mas o que queres que faça?
- Se ainda gostas dela, não devias tratá-la assim! Devias assumir que erraste e pedir-lhe desculpa! Vai falar com ela!
-Ok, mas vais comigo.
- Está bem! Mas faço isso só por ela!
No final do dia, a caminho de casa, a Juliana contou-me o que se tinha passado e pediu-me que agisse como se não soubesse nada do assunto.
No dia seguinte, o Bruno veio falar comigo e disse-me:
- Eu ainda te amo. E tu, ainda me amas? Desculpa ter-te feito sofrer… sei que não fui correcto. Afastei-me de ti porque és demasiado boa para mim e quero que te apaixones pelo rapaz certo. Ainda és muito nova e eu sou muito malandro. Sei que não sou bom a fazer declarações de amor, mas é o que me vem à cabeça neste momento. Amo-te, não me sais da cabeça. Senti saudades daqueles abraços que só tu sabes dar, dos teus beijinhos, das nossas conversas. Sem ti é como se caminhasse na escuridão! Por favor perdoa-me.
- Sim, ainda te amo. Enquanto estiveste ausente nada me corria bem. Não sei se aguentava muito mais. Aquele tempo que estivemos separados, podíamos ter sido tão felizes. Não imaginas como me és importante para mim…
Houve um silêncio e no meio desse silêncio houve um sorriso e no meio desse sorriso um beijo.
Ficámos o dia juntos, felizes e sorridentes. Andávamos de mão dadas.
Até agora estamos juntos, felizes e cada vez mais apaixonados!!

Júlia Mariana Graça Tavares, 8º4

Poesia em duas estações

PowerPoint de apresentação do livro e do CD aos pais/EE e à comunidade escolar, numa sessão realizada na biblioteca escolar, no dia 9 de Junho.

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